terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Saudade....

Devemos ter feito algo de muito grave, Para sentirmos tanta saudade...

Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé , doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa,
Dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe,
Saudade de uma cachoeira da infância,
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais,
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu,
Saudade de uma cidade,
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem estas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar no quarto e ele na sala, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ele pra faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando a ausência se torna a única coisa a existir,
Ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ele continua acompanhando nossas histórias, venturas e desventuras.
Não saber se ele continua se divertindo com coisas simples e se é feliz agora.
Não saber se ele ainda se aborrece quando metemos os pés pelas mãos.
Não saber se ele é capaz de nos ouvir dizer que o amamos e sentimos sua falta...
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos,
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento,
Não saber como frear as lágrimas diante de uma música,
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que eu estive sentido enquanto escrevia
E o que você provavelmente estará sentindo depois que acabar de ler.

Texto de Miguel Falabella...com licença poética para a minha saudade.

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