sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Texto na Revista do Jornal O Globo - Martha Medeiros - Jornalista e escritora

'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.

Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação!

E, entre uma coisa e outra, leio livros.

Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.

Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coi sinhas que operam milagres.

Primeiro: a dizer NÃO.

Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.

Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero.
Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros..

Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora.

Você é, humildemente, uma mulher.

E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É t er tempo.

Tempo para fazer nada.

Tempo para fazer tudo.

Tempo para dançar sozinha na sala.

Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.

Tempo para sumir dois dias com seu amor.

Três dias..

Cinco dias!

Tempo para uma massagem..

Tempo para ver a novela.

Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.

Tempo para fazer um trabalho voluntário.

Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.

Tempo para conhecer outras pessoas.

Voltar a estudar.

Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.

Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa c aixa postal.

Existir, a que será que se destina?

Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.

A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.

Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.

Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!

Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.

Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.

E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011






Eu declaro ser boba e ingênua.
Forte, apesar da pose de quem se desmonta fácil.
Apaixonada, talvez. Ridícula. Medrosa.
Procrastinadora de atos urgentes, e também dos desimportantes.
Sou uma saudade, e um banco de praça coberto por folhas secas de um outono que não é meu.
Não tenho paciência para conversas tristes.
E não entendo como meu rosto se desmancha numa seriedade obtusa assim, de repente, gerando interrogações de quem me cerca. Eles não entendem.
Sabe, não é todo dia que eu quero sorrir, não. E pensar que já houve uma época onde isso era o meu melhor, era o que fazia as pessoas pedirem por mim. Hoje não tem ninguém.
A distância é algo estúpido.
Não falo nem de geografia, aqui. Falo de interposições criadas por conveniências minhas. Eu sou ostra, viu? E não sei permitir que no meu lado de dentro venha morar qualquer coisa que não seja pérola. Nem é pretensão, não. Pode ser comodismo.
É que eu me acostumei a ter as melhores pessoas do mundo como parte de mim, e isso era o suficiente. Eu não dava importância para o novo, o desconhecido.
Não sei se você entende, mas dá um trabalho danado se reconhecer nos outros, querer pra si, driblar os defeitos, contar dos seus, todas essas coisas que surgem em primeiras relações. Eu queria que já viesse tudo pronto. QUERIA. Aí eu era completa, então.
Declaro, que eu sou sozinha, em qualquer canto.
Sei lá, eu acho graça, você não?
Sou dona de um sarcasmo estonteante, digo.
As pessoas às vezes acham que estão acompanhadas no mundo, e se apegam a isso de uma maneira que me assusta.
É que, todo mundo vai embora um dia.
Vai porque quer, vai porque Deus chama - não importa.
E eu sempre tive muito medo disso, mas quase não penso.
Outro dia mesmo eu quis casar, ter filhos, e ver como a vida ia. Hoje eu não quero mais. Amanhã, vou querer tudo de novo. E pra sempre.
Odeio querer as coisas pra sempre, você não?
Tudo é tão efêmero por aqui.
Tem horas que eu fico lembrando do que eu nunca soube.
Você deve estar se perguntando se eu sou feliz, não é? Eu digo que não sei. Digo que sou. Num descuido ou em outro, acabo sendo.
Ah, eu sou incoerente, também. Semana passada contei por aí que eu sou uma fraude. Sou tanta coisa. E nada.
Essa história de não poder olhar pro lado e encontrar uma gargalhada cúmplice, já não tem graça. E os fins de semana, passam lentos como se fossem um filme ruim demorando pra terminar.
Não pense que eu tô só reclamando, não.
É que hoje não entreguei sorriso, sabe? E agora que ele se mostra, vai despejando tudo o que esse céu nublado diz.
Sou uma nuvem de chuva, agora.
Declaro ainda, que eu tenho sonhos. Eles escorrem em mim inteira.
Mas acontece que sou uma insônia, e os dias viram duas noites.
Tá faltando cor. Cinza é cor?
Acho bom eu ir embora, antes que tudo chova.
Prometo novos sonhos. Um resgate dos que se perderam.
Toma minha amizade... Coloca ela de enfeite no teu carrinho azul.
Lembra que você foi responsável por mim, hoje, nesse entardecer.
Lembra, amigo, que minha face é quem fala, porque eu não sei lidar com palavras, não.

MÃES SÓ MORREM QUANDO QUEREM






Em geral, as mães, mais que amar os filhos, amam-se nos filhos
(Friedrich Nietzsche)


Eu tinha 7 anos quando matei minha mãe pela primeira vez. Eu não a queria junto a mim quando chegasse à escola em meu 1º dia de aula. Eu me achava forte o suficiente para enfrentar os desafios que a nova vida iria me trazer.
Poucas semanas depois descobri aliviada que ela ainda estava lá, pronta para me defender não somente daquelas garotas malvadas que me ameaçavam, como das dificuldades intransponíveis da tabuada
Quando fiz 14 anos eu a matei novamente. Não a queria me impondo regras ou limites, nem que me impedisse de viver a plenitude dos vôos juvenis.
Mas logo no primeiro coração partido eu felizmente a redescobri viva foi quando ela não só me curou a tristeza como ainda juntou meus cacos e me mostrou que a vida apenas começava.
Aos 18 anos achei que mataria minha mãe definitivamente, sem chances para ressurreição. Entrara na faculdade,iria morar em república, faria política estudantil, atividades em que a presença materna não cabia em nenhuma hipótese.
Ledo engano: quando me descobri confusa sobre qual rumo seguir voltei à casa materna, único espaço possível de guarida e compreensão.
Aos 24 anos me dei conta de que a morte materna era possível, apenas requeria lentidão... Foi quando me casei, finquei bandeira de independência e segui viagem.
Mas bastou nascer o primeiro filho para descobrir que o bicho mãe se transformara num espécime ainda mais vigoroso chamado avó. Para quem ainda não viveu a experiência, avó é mãe em dose dupla...
Apesar de tudo continuei acreditando na tese da morte lenta e demorada, e aos poucos fui me sentindo mais distante e autônoma, mesmo que a intervalos regulares ela reaparecesse em minha vida desempenhando papéis importantes e únicos, papéis que somente ela poderia protagonizar...
Mas o final dessa história, ao contrário do que eu sempre imaginei, foi ela quem definiu: quando menos esperava, ela decidiu morrer.
Assim, sem mais, nem menos, sem pedir licença ou permissão, sem data marcada ou ocasião para despedida. Ela simplesmente se foi, deixando a lição que mães são para sempre. Ao contrário do que sempre imaginei, são elas que decidem o quanto esta eternidade pode durar em vida, e o quanto fica relegado para o etéreo terreno da saudade..
Desconheço o autor

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

GRANDES LIÇÕES







COISAS QUE APRENDI COM MEU CACHORRO:

*Quando alguém que você ama chega em casa, corra ao seu encontro.

*Nunca perca uma oportunidade de ir passear.

*Permita-se experimentar o ar fresco do vento no seu rosto.

*Mostre aos outros que estão invadindo o seu território.

*Tire uma sonequinha no meio do dia e espreguice antes de levantar.

*Corra, pule e brinque todos os dias.

*Tente se dar bem com o próximo e deixe as pessoas te tocarem.

*Não morda quando um simples rosnado resolve a situação.

*Em dias quentes, pare e role na grama, beba bastante líquidos e
deite debaixo da sombra de uma árvore.

*Quando você estiver feliz, dance e balance todo o seu corpo.

*Não importa quantas vezes o outro te magoa, não se sinta
culpado...volte e faça as pazes novamente.

*Aproveite o prazer de uma longa caminhada.

*Se alimente com gosto e entusiasmo.

*Coma só o suficiente .

*Seja leal.

*Nunca pretenda ser o que você não é .

E o MAIS importante de tudo....

*Quando alguém estiver nervoso ou triste, fique em silêncio, fique por perto e mostre que você está ali para confortar.


E NÓS PRECISAMOS APRENDER ISTO COM
UM ANIMAL QUE, DIZEM SER IRRACIONAL !!!!

DAS GENTE QUE EU GOSTO






Por MARIO BENEDETTI

Eu gosto de gente que vibra, que não tem de ser empurrada, que não tem de dizer que faça as coisas, mas que sabe o que tem que fazer e que faz. A gente que cultiva sues sonhos até que esses sonhos se apoderam de sua própria realidade.

Eu gosto de gente com capacidade para assumir as conseqüências de suas ações, de gente que arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, que se permite, abandona os conselhos sensatos deixando as soluções nas mãos de Deus.

Eu gosto de gente que é justa com sua gente e consigo mesma, da gente que agradece o novo dia, as coisas boas que existem em sua vida, que vive cada hora com bom animo dando o melhor de si, agradecido de estar vivo, de poder distribuir sorrisos, de oferecer suas mãos e ajudar generosamente sem esperar nada em troca.

Eu gosto da gente capaz de me criticar construtivamente e de frente, mas sem me lastimar ou me ferir. Da gente que tem tato. Gosto da gente que possui sentido de justiça. A estes chamo de meus amigos.

Eu gosto da gente que sabe a importância da alegria e a pratica. Da gente que por meio de piadas nos ensina a conceber a vida com humor. Da gente que nunca deixa de ser animada.

Eu gosto de gente sincera e franca, capaz de se opor com argumentos razoáveis a qualquer decisão.
Gosto de gente fiel e persistente, que no descansa quando se trata de alcançar objetivos e idéias.

Eu gosto da gente de critério, a que não se envergonha em reconhecer que se equivocou ou que não sabe algo. De gente que, ao aceitar seus erros, se esforça genuinamente por não voltar a cometê-los. De gente que luta contra adversidades. Gosto de gente que busca soluções.

Eu gosto da gente que pensa e medita internamente. De gente que valoriza seus semelhantes, não por um estereotipo social, nem como se apresentam. De gente que não julga, nem deixa que outros julguem. Gosta de gente que tem personalidade.

Eu gosto da gente que é capaz de entender que o maior erro do ser humano é tentar arrancar da cabeça aquilo que não sai do coração.

A sensibilidade, a coragem, a solidariedade, a bondade, o respeito, a tranqüilidade, os valores, a alegria, a humildade, a fé, a felicidade, o tato, a confiança, a esperança, o agradecimento, a sabedoria, os sonhos, o arrependimento, e o amor para com os demais e consigo próprio são coisas fundamentais para se chamar GENTE.

Com gente como essa, me comprometo, para o que seja, pelo resto de minha vida... já que, por tê-los junto de mim, me dou por bem retribuído.

Impossível ganhar sem saber perder.
Impossível andar sem saber cair.
Impossível acertar sem saber errar.
Impossível viver sem saber reviver.

Bem aventurados aqueles que já conseguiram receber com a mesma naturalidade o ganhar e o perder, o acerto e o erro, o triunfo e a derrota...

MINHA MÃE


MÃE
As desse nome bendito:
Também o Céu tem três letras…
E nelas cabem o infinito.
Para louvar nossa mãe,
Todo o bem que se disse
Nunca há de ser tão grande
Como o bem que ela nos quer…
Palavra tão pequenina,
Bem sabem os lábios meus
Que és do tamanho do Céu
E apenas menor que Deus!

Mário Quintana